O som das palavras
Os ventos sopraram fortes em sua direção
Que mal dera tempo de se esquivar
Quando percebera estava envolta naquele redemoinho
Ficou zonza
Lutava com todas as forças para sair daquela espiral
Sons ocos
Assim traduzira o que chamara de ventos de doutrina
Para as muitas vozes que a diziam o que fazer
As vozes vinham de todos os lados:
“Você tem que isso”
“Você tem que aquilo”
E já não mais ouvia a voz da própria consciência
Ou dos pássaros ou das correntes das águas
Ficara surda
Sem audição, os seus sentidos ficaram limitados
E já não se comunicava de forma plena
Então, um lampejo de inconformismo fora despertado
Por uma melodia que saltara da memória
Quis ouvir de novo o som dos pássaros,
Das correntes das águas, da voz das palavras
As suas palavras
Lutou, se esforçou e saiu da espiral,
Dos ventos que lhe diziam o que fazer
Compôs uma canção e cantou para a sua alma
Gostou do que ouviu, guardou no baú da memória
E nunca mais parou de escrever e cantar
Para não perder de novo o som das próprias palavras
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