Permissão para pedalar
Na cesta da bicicleta, carregava palavras para passear. Não sabia direito aonde iria parar. Seu semblante era de contentamento pela permissão para pedalar. Pequenas alegrias tinham cheiro e gosto de novidade. Resolveu experimentar. Trocou a pressa pela vagareza como companhia para que pudesse fazer pequenas pausas, para sentir e tatear. E sentiu a firmeza da vida debaixo dos pés não vacilantes. Ora no chão, ora no pedal. De mãos dadas com o tempo, se deixou conduzir pelos uivos do vento e canto dos pássaros. Serpenteava por caminhos inexplorados até então. Resolveu fazer mais uma pausa. Avistou duas árvores. Em uma escorou a bicicleta; em outra, se escorou para descansar. Apanhou as palavras que carregava na cesta, a caneta e as folhas em branco. Novas palavras saltavam de dentro para tentar descrever os significados daquela permissão.
Comentários
Postar um comentário