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Palavras empoeiradas

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Era domingo  O baú estava empoeirado Abriu e pegou os rabiscos Anotações aleatórias Folheou rapidamente  E os mudou de lugar Ao alcance dos dedos Para futuras consultas  E resgatar palavras soltas E significados Finalmente daria vida  Aquelas palavras rabiscadas Será? Foi o primeiro passo Aguardará o próximo.

De volta para dentro

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Faltavam dois dias para tudo voltar como antes: a rotina do trabalho, o trânsito e o pouco tempo que lhe restava durante a semana. O que fazer e como preencher aquelas pouco mais de 48 horas… Para não fazer tudo em um dia só e não se sentir fatigada, dividia as tarefas  domésticas fazendo uma coisa de cada vez. Estava feliz com a mudança de casa para um lugar mais espaçoso com armador de rede e área verde. Não tardou a armar a sua guardada há tempos na esperança de um dia poder usá-la. O dia havia chegado muito antes do que esperava para seus rituais de leitura e descansos aleatórios. Queria curtir cada cantinho daquele novo ambiente, mesmo que ainda não fosse o seu. Só de não se sentir sufocada com o pouco espaço no cubículo anterior, já era um alívio. Na maior parte do dia, dividia o espaço com a solitude, sua fiel companheira. Entre uma tarefa e outra, tirava tempo para não pensar em nada e se esparramar naquelas horas de descanso mental. Vez ou outra deixava uma música levar se...

A caminho do nada

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Foto: Unsplash O passado que insistia em se fazer presente levara Samuel a um estado de inquietação que não o deixava se satisfazer com nada.  Na verdade, nem ele sabia o que o satisfaria.  Só sabia o que não queria.  Perguntado sobre o seu futuro, não soubera responder nem para si mesmo. Deixou os dias lhe levarem. Para onde? Também não sabia. Continuara sua jornada a caminho do nada.

Minério de palavras

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Foto: Lorena Santos Palavras molhadas de saudades da água que pingava na pele Sons e sensações há muito não ouvidos e sentidos naquele curto espaço de tempo reservado para explorar-se e nutrir-se Foi naquela atmosfera que minerou seus recursos Garimpou o quanto pôde para levar dali o máximo de recursos naturais e lapidar preciosas palavras

O som das palavras

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Foto: Unsplash Os ventos sopraram fortes em sua direção  Que mal dera tempo de se esquivar Quando percebera estava envolta naquele redemoinho Ficou zonza Lutava com todas as forças para sair daquela espiral Sons ocos Assim traduzira o que chamara de ventos de doutrina  Para as muitas vozes que a diziam o que fazer As vozes vinham de todos os lados:  “Você tem que isso” “Você tem que aquilo” E já não mais ouvia a voz da própria consciência  Ou dos pássaros ou das correntes das águas Ficara surda Sem audição, os seus sentidos ficaram limitados  E já não se comunicava de forma plena Então, um lampejo de inconformismo fora despertado  Por uma melodia que saltara da memória Quis ouvir de novo o som dos pássaros,  Das correntes das águas, da voz das palavras As suas palavras Lutou, se esforçou e saiu da espiral,  Dos ventos que lhe diziam o que fazer Compôs uma canção e cantou para a sua alma Gostou do que ouviu, guardou no baú da memória  E nunca ...

Não abafe o silêncio

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Foto: Unsplash O que aconteceu com o silêncio? Este companheiro tão familiar Foi abafado pelos diversos ruídos A poluição sonora fez cessar o som da alma Não se ouvia mais a voz de dentro Os barulhos externos traziam confusão e desconforto Os sonhos sonhados de dia ou de noite se recolheram adormecidos Não encontravam mais o repouso da alma para germinar Ela olhava para o lado e para o outro e não encontrava seu lugar Se espremia para caber nos assentos alheios rodeados de barulhos Até que um dia resolveu se retirar e procurar seu companheiro.

Pingos de solitude

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Foto: Maiara Pires A chuva do lado de fora trazia de volta a sua própria companhia Eram pingos de solitude que inundavam a sua existência Sem aquele oceano se sentia como peixe fora d’água Com dificuldade para respirar até definhar  Vindo a solitude, porém, regava as próprias raízes Se renovava e tudo florescia, ganhava cor Cor de esperança, cor de serenidade Cor de vibração, cor de liberdade Cantava, sorria, falava, escrevia Transbordava Estava pronta para o voo da renovação
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Maiara Pires
Jornalista, escritora, ghostwriter, despenseira da graça de Cristo e embaixadora do Reino dos Céus. Escrevo para desenvolver pessoas e a mim mesma e difundir a sabedoria do alto. Saiba mais: https://linktr.ee/maiarapiresescreve