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Voltando ao eixo

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Foto: Pexels Era segunda-feira, início da noite. Estava tomando banho quando foi “assaltada” de súbito por uma recorrente sensação incômoda que nunca sabia nomear. Medo era o nome mais próximo que conseguia definir, mas não tinha muita certeza.  Então, recorreu a metáforas. Aos poucos tal sensação começou a ganhar formas no seu imaginário. Eram rochas que apareciam do nada querendo impedir o curso do rio. O rio era ela mesma querendo fluir, mas não conseguia – o que a fazia sentir-se impotente, frustrada e angustiada. A essa altura já tinha tirado da gaveta um dos seus cadernos de anotações aleatórias e colocado no papel aquelas impressões. Estava mais calma. Com isso, lembrou de algumas palavras cantadas que tinham a ver com aquela narrativa que acabara de escrever. Fez uma busca na internet até encontrar tal melodia. Deitou no sofá, fechou os olhos e se deixou tocar por aquele canto. Tais palavras cantadas jorravam feito corrente unindo-se ao rio que há poucos minutos estava send...

Retrato

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Foto: Pexels É sobre intensidade O copo está sempre cheio de alguma coisa Por isso, transborda Pingos de lágrima falam por si Alegria ou tristeza aformoseia o rosto Não tem meio termo Não tem disfarce Não consegue falar, só expressar Por isso, ninguém entende Nem precisa O conflito é interno  E ninguém tem nada a ver com isso Só precisa encontrar um jeito De processar os acontecimentos

Rabiscos

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Foto: Pexels Tinha compulsão por espaços em branco Acreditava que eles tinham que ser preenchidos Por isso, guardava tantos papéis à espera de completar os rabiscos E dar sentido aqueles escritos Para, então, se desfazer deles Parecia querer emoldurar as palavras rabiscadas  A fim de eternizar seus significados

A voz da esperança

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Foto: Pexels Podia ouvir a esperança na própria voz Na voz sussurrada da consciência  Estava cansada dos dias tabelados  Ansiava por novidade de vida Por sentidos em cada respiro  Estava convicta, mas ao mesmo tempo angustiada  Por se sentir sozinha naquela busca  Estudava maneiras de transpor tal insatisfação  Para colocar em prática seus novos anseios Sem depender da vontade ou compreensão De outrem Havia parado de se culpar por suas esquisitices  Um grande passo na sua nova jornada  E que lhe fazia sentir-se livre Daquelas correntes invisíveis Liberta do cativeiro Estava disposta a explorar o desconhecido  Sem medo do que iria encontrar Guiada pela voz da esperança

Autoaceitação

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Foto: IA/Gemini Havia cansado de lutar contra o que nem ela sabia Seus passos eram monitorados por si mesma Para saber se tinha algo errado Como saberia? Baixou a guarda e resolveu se aceitar como era  Como se sentia bem O tempo diria se haveria algo a ser consertado  Sem abrir mão da própria essência E da leveza que estava aprendendo a cultivar.

Refazendo os passos

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Foto: Pexels Havia um abismo entre os dois. As brincadeiras repetitivas eram disfarces daquilo que não verbalizavam. A irritação era o principal sintoma do turbilhão de sentimentos escondidos e sensíveis ao toque da pele. Um dos dois resolveu refazer seus passos, feito policial que reconstitui um crime. Voltou no tempo e se colocou em posição de observadora. Se percebeu correndo para o desconhecido. Tinha ideia dos desafios, mas não como lidar com eles. Descobriria por conta e risco. O que havia por trás dessa fuga? Não sabia. Mesmo com o mar revolto, colocou os pés na água e andou sobre ele sem saber para onde ir. Na verdade, sabia. Mas se sentia presa na jornada. Queria caminhar sozinha sem que ninguém a atrapalhasse. Por isso, o desejo de fugir sempre estava presente. Começou a se sentir enredada e prisioneira internamente. O sentimento de inadequação era visível, tangível e à flor da pele. Não sabia o que fazer com aquela sensação que só aumentava. A solitude era seu respiro, alívi...

Normalidade aparente

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Foto: Pexels Por trás do sorriso, um desconforto latente. Nas palavras proferidas se escondia uma torrente prestes a inundar seus interlocutores. O olhar perdido tentava convencer uma normalidade inexistente.  Suas pupilas, na verdade, revelavam um misto de espanto, assombro e pavor, denunciando que suas expectativas haviam sido sumariamente reduzidas a pó.  Vivia os dias sem saber o que fazer a cada nova tarefa, ao mesmo tempo que tentava, sem sucesso, se adaptar ao que havia caído em seu colo. Pausou um momento para processar aquele turbilhão inesperado. Sua ausência foi notada. O que aconteceu? Não tinha respostas. Estava petrificada. Pensou em desistir.  Mas se deu conta de que havia batalhas ainda maiores enfrentadas diariamente por quem veio primeiro. Se conseguiram lutar e vencer, também conseguiria. Se levantou e encarou o que lhe causava todas aquelas sensações de impotência.
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Maiara Pires
Jornalista, escritora, produtora de conteúdo multimídia, despenseira da graça de Cristo e embaixadora do Reino dos Céus. Escrevo para desenvolver pessoas e a mim mesma e difundir a sabedoria do alto. Saiba mais: https://linktr.ee/maiarapiresescreve