Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2024

A caminho do nada

Imagem
Foto: Unsplash O passado que insistia em se fazer presente levou Samuel a um estado de inquietação que não o deixava se satisfazer com nada.  Na verdade, nem ele sabia o que o satisfaria.  Só sabia o que não queria.  Perguntado sobre o seu futuro, não soube responder nem para si mesmo. Deixou os dias lhe levarem. Para onde? Também não sabia. Continuou sua jornada a caminho do nada.

Minério de palavras

Imagem
Foto: Lorena Santos Palavras molhadas de saudades da água que pingava na pele. Sons e sensações há muito não ouvidos e sentidos naquele curto espaço de tempo reservado para explorar-se e nutrir-se. Foi naquela atmosfera que minerou seus recursos. Garimpou-se o quanto pôde para levar dali o máximo de recursos naturais e lapidar preciosas palavras.

O som das palavras

Imagem
Foto: Unsplash Os ventos sopraram fortes em sua direção q ue mal deu tempo de se esquivar. Quando percebeu estava envolta naquele redemoinho. Ficou zonza. Lutava com todas as forças para sair daquela espiral. Sons ocos. Assim traduziu o que chamou de ventos de doutrina p ara as muitas vozes que a diziam o que fazer. As vozes vinham de todos os lados:  “Você tem que isso” “Você tem que aquilo” E já não mais ouvia a voz da própria consciência o u dos pássaros ou das correntes das águas. Ficou surda. Sem audição, os seus sentidos ficaram limitados e já não se comunicava de forma plena. Então, um lampejo de inconformismo foi despertado p or uma melodia que saltou da memória. Quis ouvir de novo o som dos pássaros, d as correntes das águas, da voz das palavras. As suas palavras. Lutou, se esforçou e saiu da espiral, d os ventos que lhe diziam o que fazer. Compôs uma canção e cantou para a sua alma. Gostou do que ouviu, guardou no baú da memória e nunca...

Não abafe o silêncio

Imagem
Foto: Unsplash O que aconteceu com o silêncio? Esse companheiro tão familiar Foi abafado pelos diversos ruídos A poluição sonora fez cessar o som da alma Não se ouvia mais a voz de dentro Os barulhos externos traziam confusão e desconforto Os sonhos sonhados de dia ou de noite se recolheram adormecidos Não encontravam mais o repouso da alma para germinar Ela olhava para o lado e para o outro e não encontrava seu lugar Se espremia para caber nos assentos alheios rodeados de barulhos Até que um dia resolveu se retirar e procurar seu companheiro.

Pingos de solitude

Imagem
Foto: Maiara Pires A chuva do lado de fora trazia de volta a sua própria companhia. Eram pingos de solitude que inundavam a sua existência. Sem aquele oceano se sentia como peixe fora d’água: c om dificuldade para respirar até definhar.  Vindo a solitude, porém, regava as próprias raízes. Se renovava e tudo florescia, ganhava cor. Cor de esperança, cor de serenidade. Cor de vibração, cor de liberdade. Cantava, sorria, falava, escrevia. Transbordava. Estava pronta para o voo da renovação.

Retire-se

Imagem
Foto: Lorena Santos Partir. Chegar. Apreciar. Desconectar para conectar. Uma casa. Expectativa. Necessidade. Ambiência. Pingos de solitude molhando as palavras. Experimente!

Permissão para pedalar

Imagem
Foto: Unsplash Na cesta da bicicleta, carregava palavras para passear. Não sabia direito aonde iria parar. Seu semblante era de contentamento p ela permissão para pedalar. Pequenas alegrias tinham cheiro e gosto de novidade. Resolveu experimentar. Trocou a pressa pela vagareza como companhia p ara que pudesse fazer pequenas pausas, p ara sentir e tatear. E sentiu a firmeza da vida d ebaixo dos pés não vacilantes. Ora no chão, ora no pedal. De mãos dadas com o tempo, s e deixou conduzir p elos uivos do vento e canto dos pássaros. Serpenteava por caminhos inexplorados até então. Resolveu fazer mais uma pausa. Avistou duas árvores. Em uma escorou a bicicleta; em outra, se escorou para descansar. Apanhou as palavras que carregava na cesta, a caneta e as folhas em branco. Novas palavras saltavam de dentro p ara tentar descrever os significados daquela permissão.

O tom da vida

Imagem
Foto: Unsplash José saíra da cidade natal aos 39 anos como tantas vezes havia feito para tentar e curtir a vida. Dessa vez, a saída teve um gosto diferente. Um gosto amargo, de contrariedade. – Não sei onde estava com a cabeça –, concluíra depois de alguns meses na nova cidade. Atribuíra o que chamara de devaneio à ruptura repentina do seu laço maternal.  Havia sido pego de surpresa com a notícia de que sua mãe Elis estava de malas prontas e passagem comprada para o exterior onde iria passar uma temporada com a filha caçula, mãe de primeira viagem. Elis estava na expectativa de ver e abraçar a nova netinha; José, nem tanto. Junto com a nova sobrinha, viera a distância da mãe, que fizera seu mundo interno desmoronar. Apesar das suas idas, vindas e partidas, José sempre podia visitar Elis onde ela estivesse. E aquela era a primeira vez que estavam morando juntos para cuidar um do outro.  No fim das contas, porém, ele já tinha perdido a mão do trabalho há tempos. Mal dava conta ...
Minha foto
Maiara Pires
Jornalista, escritora, produtora de conteúdo multimídia, despenseira da graça de Cristo e embaixadora do Reino dos Céus. Escrevo para desenvolver pessoas e a mim mesma e para difundir a sabedoria do alto. Saiba mais: https://linktr.ee/maiarapiresescreve