Foto: Unsplash José saíra da cidade natal aos 39 anos como tantas vezes havia feito para tentar e curtir a vida. Dessa vez, a saída teve um gosto diferente. Um gosto amargo, de contrariedade. – Não sei onde estava com a cabeça –, concluíra depois de alguns meses na nova cidade. Atribuíra o que chamara de devaneio à ruptura repentina do seu laço maternal. Havia sido pego de surpresa com a notícia de que sua mãe Elis estava de malas prontas e passagem comprada para o exterior onde iria passar uma temporada com a filha caçula, mãe de primeira viagem. Elis estava na expectativa de ver e abraçar a nova netinha; José, nem tanto. Junto com a nova sobrinha, viera a distância da mãe, que fizera seu mundo interno desmoronar. Apesar das suas idas, vindas e partidas, José sempre podia visitar Elis onde ela estivesse. E aquela era a primeira vez que estavam morando juntos para cuidar um do outro. No fim das contas, porém, ele já tinha perdido a mão do trabalho há tempos. Mal dava...